E pra começar, a minha monografia, apresentada ao curso de Geografia da UFSM em 2008.
Representação Espaço Cultural: O Mangá Na Cultura Brasileira
Yoshi!!!
Em Bleach encontramos uma mítica maior com relação a representação do espaço japonês. Neste anime é possível, identificar dois elementos de representação, referentes a duas versões distintas de um mesmo Japão. Em uma delas temos o Japão atual, em que aparece o protagonista do anime, Kurosaki Ichigo, um estudante japonês, sobre o qual se constrói uma representação sobre o cotidiano de um jovem estudante japonês, sua relação com sua família e amigos. Contudo, outro universo de representação é apresentado no momento
A exemplo de Rurouni Kenshin, temos Shura no Toki. Este anime ainda não foi veiculado na televisão brasileira, contudo já são facilmente encontrados seus episódios para download. O anime transita por um espaço maior da história japonesa, apresentando muitos personagens da mesma, desde Miyamoto Musashi, até os membros do Shinzengumi. Esse estilo de histórias retrata eficientemente o que seria a vida no Japão feudal, e pós restauração meiji - ou seja início da industrialização do Japão e sua ocidentalização, com a abertura de seus portos. Uma peculiaridade na questão da passagem temporal do anime, é que ele se passa no decorrer de no mínimo três gerações, o que limita e muito as referências a detalhes históricos, apesar de muitos elementos ainda serem mencionados, uma vez que, os personagens vivem no período em que o Japão sofreu profundas transformações!
Muito mais do que um produto infantil os mangás, histórias em quadrinhos japonesas, são produtos repletos de elementos referentes à cultura e identidade daquele país. Os mangás se tornaram populares no Brasil devido ao sucesso dos animês, desenhos animados japoneses na mídia brasileira, principalmente associado à veiculação massiva de produções nipônicas pela extinta Rede Manchete de Televisão, e ao sucesso atingindo particularmente pelo anime “Os cavaleiros do Zodíaco a partir de 1994. Os mangás passam a ser publicados no Brasil a partir do ano 2000, com sucesso de títulos como Os Cavaleiros do Zodíaco (Ed. Conrad) e Samurai X (JBC). Os mangás apresentam várias características que os diferenciam dos quadrinhos ocidentais, sendo uma das mais marcantes a orientação de sua leitura que segue os padrões japoneses (da direita para a esquerda). Além disto, encontramos nele representados o espaço geográfico japonês, bem como a sociedade japonesa e suas relações. As distintas formas como os personagens interagem, seus modos de vida e costumes, suas tradições, seu folclore, sua história, etc. Desta forma, sua estrutura é muito mais complexa do que pode ser compreendida pela simples denominação de uma mera historinha, mangás como Samurai X apresentam uma classificação própria de mangás de cunho histórico, por exemplo, em que se enquadram as revistam que utilizam elementos da história em suas produções. No caso nessas revistas são retratados período da história japonesa, sendo comumente encontrados personagens históricos representados nas mesmas, como os casos de Hajime Saitou (membro do Shinsengumi) e Aritomo Yamagata (primeiro Ministro do Exército na Era Meiji), que aparecem no Mangá Samurai X, que retrata o período pós Restauração Meiji, o início de uma nova era, com a aproximação do ocidente. Tornando esses produtos, mais que uma revistinhas, verdadeiras aulas de geografia e história.